Como serão as escolas após o coronavírus?

Já imaginou como as escolas serão após o coronavírus? Vivemos um momento em que as escolas estão “apagando incêndio” todos os dias, correndo para implantar o EAD, adequar o curriculum, formar professores para uma nova forma de ensinar, atender reclamações e questionamentos de pais e funcionários, rever orçamentos… Mas, é muito importante olhar para o futuro. O isolamento vai acabar.

A educação e as escolas em tempos de coronavírus

A pandemia do Coronavírus afetou de forma profunda as escolas e o sistema de educação em todo o planeta. Estima-se que 1,5 bilhão de alunos estão fora da escola neste momento. Pais, alunos e professores estão sendo obrigados a lidar com uma nova realidade, novos métodos de ensino, novos desafios.

Muito se fala que sairemos dessa experiência profundamente modificados. Se para melhor ou pior, não sabemos, entretanto, acredito que sairemos sim transformados. Algumas situações que estão agora sendo vivenciadas diariamente, se transformarão em novos hábitos. Segundo o psicólogo de consumo Paul Marsden, nosso cérebro leva em média 66 dias para adquirir um novo hábito e iniciá-lo de forma automática. Fato é que, aparentemente, teremos tempo suficiente para adquirir vários hábitos novos. 

Preocupação com higiene, distanciamento, contágio, serão questões recorrentes no nosso dia a dia a partir de agora. Saúde, qualidade de vida, imunidade terão muito mais importância do que tinham antes. Estamos desacelerando?

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    Na China, na primeira semana pós isolamento, marcas de luxo se aproveitaram do spending revenge dos consumidores e lucraram muito. A loja da Hermés faturou US$3,8 milhões em um dia após a reabertura do comércio. Aparentemente os clientes saíram dispostos a gastar tudo o que não puderam no período de isolamento. Estamos mesmo desacelerando?

    Muitos futuristas chamam o coronavírus de acelerador do futuro, pois ele antecipou mudanças que seriam necessárias, mas que nossa sociedade estava empurrando para a frente. Trabalho remoto, sustentabilidade, mudanças nas escolas (com a educação à distância), responsabilidade social já fazem mais parte da nossa vida do que antes. 

    As escolas após o coronavírus serão diferentes

    Como seremos depois disso tudo não é simples responder, mas alguns comportamentos são possíveis de prever. Especialistas em tendências e análise de mercado já estão trabalhando no desenho desse consumidor pós covid. 

    É claro que estas mudanças e instabilidades também vão impactar nas instituições de ensino. E, assim como outros mercados, é impossível ter certezas sobre serão as escolas após o cornavírus.

    Entretanto tenho pesquisado este assunto e resolvi separar e colocar aqui algumas tendências que achei relevantes para que as escolas já possam se antecipar e pensar em como será o comportamento dos pais e os alunos da escola após o coronavírus.

    1 – Faça você mesmo

    O período de isolamento e restrições está estimulando as pessoas a aprenderem novas habilidades. Cozinhar, assar pães, costurar máscaras são formas de ocupar o tempo e suprir algumas necessidades que estão sendo dificultadas até mesmo pelo fechamento do comércio. 

    Essas habilidades não desaparecerão com o fim do coronavírus, e estamos ficando mais independentes à medida que temos mais conhecimentos. 

    E o que as escolas têm a aprender com isso? 

    Este comportamento só reforça a cultura do “é fazendo que se aprende”. A “cultura maker” que tem sido tão falada dentro das escolas vai deixar de ser somente uma ferramenta de marketing e vai se tornar uma exigência.

    Os pais e as crianças entenderam que o fazer, o errar, o pesquisar e o refazer é uma forma eficaz de aprendizado e o questionamento que surge é: por que a escola não oferece isso?

    Nesta Se a sua escola ainda se embasa somente no método tradicional de ensino do aluno ouvinte e que não questiona, vale a pena repensar.

    2 – Educação à distância

    Essa sede de aprender coisas novas que muitos estão vivendo no isolamento nos trouxe o costume de estudar através da internet.

    O YouTube, os cursos on-line e as inúmeras lives no Instagram já mostraram o quanto o aprendizado on-line se tornará cada vez mais comum. 

    E se você é daqueles que ainda não se rendeu à educação digital e autônoma perceba que para as crianças isso já era uma realidade. Isto porque muito antes das iniciativas por parte das escolas devido ao coronavírus, a nova geração já via as ferramentas oferecidas pela internet como algo natural.

    A pandemia acelerou a necessidade de que pais e professores entrassem também no mundo da educação a distância. Vejo com nossos clientes o quanto este processo, muitas vezes, tem sido difícil, mas agora assistir a um vídeo e aprender algo novo também faz parte da rotina da comunidade escolar como um todo. As aulas on-line oferecidas pelas escolas neste período de pandemia forçaram professores e alunos a se adaptarem a uma nova dinâmica. 

    Para muitos a novidade ainda é bem dolorosa, para outros a assimilação é mais tranquila. Alguns alunos reclamam da falta de contato com os amigos, mas outros gostam, pois estão conseguindo se concentrar melhor. Alguns professores ainda buscam uma maneira de repassar o conteúdo pelos vídeos com a mesma qualidade do presencial, já outros se transformaram em verdadeiros “youtubers” da educação.

    Pensando em tudo isso junto, abre-se a possibilidade muito rica da escola oferecer de forma on-line cursos extras mais acessíveis e aulas de reforço (que geralmente acontecem no contra-turno) ou o próprio conteúdo do currículo.  

    Isso facilitaria muito a rotina dos pais e aproxima a escola da linguagem eletrônica que tanto atraem crianças e jovens.

    3 – Reconfiguração dos espaços de uso público

    A pandemia vai acentuar medos e ansiedades. O receio de locais com aglomeração devem permanecer, bem como a “paranoia” com limpeza e desinfecção, o receio da permanência em  locais mal ventilados. 

    E como isso impacta o ambiente escolar? Será que os pais não terão receio de deixar seus filhos em locais que não passem a sensação de limpeza e segurança que hoje só vivemos dentro do nosso lar? Será que eles não ficarão mais atento ao cuidado e ao conforto que as escolas propiciam aos seus filhos?

    “Quando as pessoas voltarem a frequentar espaços públicos, depois do fim das restrições, as empresas devem investir em estratégias para engajar os consumidores de modo profundo, criando locais que tragam a eles a sensação de estar em casa”, diz um relatório da WGSN, multinacional de pesquisas de tendências do mundo.

    Dentro das escolas isso não será diferente, o coronavírus nos  mostra que é hora de pensar se o mínimo que muitos adotam como o ideal será o suficiente. O espaço mínimo entre carteiras, as janelas com o tamanho mínimo exigido, as circulações de larguras mínimas…

    Você se sentirá feliz e seguro com o mínimo?

    4 – Empresas e marcas reconhecidas terão vantagem

    Nessa fase de tantas incertezas, um comportamento comum é o da busca pelo conhecido. Escolas que têm mais tempo no mercado, que são reconhecidas e já foram testadas e aprovadas pelos pais e alunos, terão muito mais chance de se fortalecer após o isolamento.

    “Não estamos abertos a coisas novas — passamos de uma mentalidade de ganho para uma mentalidade de manutenção, o que é importante para muitas marcas perceberem”, afirmou Simon Moore, CEO da Innovation Bubble, empresa de ciência comportamental.

    Não é hora de inventar novos produtos ou serviços, e sim de se concentrar em auxiliar os clientes que já estão estressados e ansiosos a terem uma boa experiência e atendimento.

    E isso impacta diretamente na melhoria dos espaços da escola, desde a recepção até os sanitários, para se manter com uma boa reputação no mercado será necessário reforçar a qualidade anteriormente oferecida.

    5 – A reinvenção da marmita

    Após um longo período se alimentando em casa, provavelmente entrar em um restaurante será, para algumas pessoas, uma experiência desconfortável. Buffets por quilo então, nem se fala. 

    As empresas já estão se esforçando para aumentar suas áreas de refeitório, pois entendem que seus funcionários se sentirão mais seguros levando marmita de casa do que se alimentando todos os dias em restaurantes. 

    As escolas precisarão também pensar nessa realidade. E se fossem criados espaços com  com microondas e geladeiras para que seus alunos aqueçam seus próprios almoços? E as “snacks machines” com opções saudáveis onde tudo é absolutamente seguro e higienizado, não seriam outra opção a se considerar?

    Neste novo mundo pós pandemia as cantinas tradicionais serão vistas da mesma forma? A sensação de higiene e limpeza incontestável certamente será exigida por pais e alunos, como se preparar para isso?

    6 – Novas crenças e valores

    Estudiosos afirmam que crises de saúde pública funcionam como verdadeiros divisores de água no comportamento das pessoas. Como em uma guerra, as comunidades se unem e trabalham juntas, e isso causa mudanças permanentes nas pessoas.

    Algumas dessas mudanças já são visíveis nas redes sociais: grupos se organizando em movimentos para ajudar a população de rua, idosos em situação de vulnerabilidade e profissionais que atuam na linha de frente e não podem parar.

    Lives que arrecadam fortunas quase todos os dias comprovam que engajamento é uma grande tendência e movimenta fãs fiéis, dispostos a colaborar financeiramente com as causas em que acreditam. 

    Como seus alunos vão voltar para as escolas quando o coronavírus acabar?

    Diante de tudo isso, no fim do isolamento, esses novos comportamentos trarão para a escola um novo aluno e um novo pai. Portanto, é necessário traçar estratégias que tornem a escola mais do que um ambiente de aprendizado, as instituições de ensino, mais do que nunca, se tornam o porto seguro de pais e alunos. Acolhimento será a palavra-chave nas escolas após o coronavírus.

    A volta às aulas será diferente para cada escola. Como as instituições podem preparar suas escolas para o retorno dos seus alunos? E como os pais podem ter a certeza de que a escola está pronta para receber seus bens mais preciosos, os filhos? Nos sentiremos seguros em sair de casa e fazer com que nossos filhos saiam também?

    Todas estas perguntas ainda não têm uma resposta correta. Somos seres humanos, por isso, reagimos de formas diferentes, temos sentimentos distintos e só o tempo irá nos ajudar na adaptação a esta fase pós pandêmica.

    A única certeza que eu tenho é que qualquer desafio nos traz um leque de possibilidades e,  diante de tamanho revés que nos foi imposto, os mantenedores têm uma oportunidade única de transformar seu sistema de aprendizado, de mudar seus espaços, de trazer a sua instituição para uma nova realidade e reagir ao impacto do coronavírus, garantindo um retorno às escolas, impedindo a evasão e o cancelamento de matrículas.

    E para conseguir isso as escolas deverão trabalhar em várias frentes. Uma dela será a reinvenção de seus espaços. Esta lição de casa deverá ser feita com o maior capricho do mundo, mesmo que com rasuras, afinal estamos todos imaginando e testando novas formas de viver com mais criatividade e mais segurança.

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